sexta-feira, 5 de outubro de 2012

11.

E as luzes nem se apagaram ainda. Mas não era supostamente sobre o que deixamos passar, meu amor, pois eu estive evitando, para sempre, indiretamente, eu e você, ou os pés para fora da cama, mas infelizmente olhei para o buraco no teto e te pedi para acender a luz. E agora não sei mais se é receio ao susto ou à dor que outrora me proporcionou, a questão – sim, a questão – é que os pesadelos cessaram, realmente, mas tamanha fobia não se aquietou, não, e tu só dizes que é hipocondria e que os remédios são farinha - mas porque revelou, meu bem, eu precisava acreditar em algo na tua ausência, ainda mais na tua presença – e tudo que era branco, diziam os contos, nasciam pra gritar e me assustar, e é por isso que as lágrimas ainda não cessaram. Quarentena de temor, e eu nem vi, ou pressenti. Era sono, pois então, e eu tirei das tomadas o que havia restado dos sentidos, mas era sonho, agora, e a perna levantando involuntária assustou – a audição não ouvia nada, além de silêncio; o paladar dizia que precisava do doce, ou de tudo que tu dizias agora com receio de que fosse tarde demais; o olfato se encantou de lembrar a fragrância que restou dos últimos lençóis que deitamos; o tato te sentiu me abraçando, mesmo que não devesse sentir nada; e a visão... oh não, viu tua mão descansando imunda, em mim, em ti. Mesmo que não fosse a tua, aliás.

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