Olha pra cima. Respira, só respira. Levanta, anda no escuro
pra olhar nos olhos do teu medo. Sente tudo arrepiando e aceita que não tens o
que vomitar. Aceita que não tem nada pra jogar. Se recusa a sentir tudo de
novo. Aprende que a arritmia é quem dá essa ânsia, e que tu vai ver teu peito
pular, mas teu coração não vai pular pra fora, embora tu torças ao contrário.
Lida com o fato de que dói; doeu, dói e vai doer, e que, no momento, o máximo
que tu podes fazer pra desvirtuar é te aquietar debaixo daquele chuveiro gelado.
Vai pintar; tua parede, tua alma. Tira essa corrente em volta do teu pescoço,
tua mãe bem lhe alertou que ela te enforcaria, caso tu se esquecesses de e
fosse dormir. Lida. Aprende a lidar. Muda. Vê a tua mudança. Só não permanece
deitada, de corpo atado, frouxa, o pulso frouxo, a felicidade afrouxada. E seja
aquela praia, aquela noite, e se deixa ser.
- E eu não sei mais se o meu medo é o escuro ou o medo dele é que eu não tenha mais medo.
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