sexta-feira, 5 de outubro de 2012

SóTão.


Olha pra cima. Respira, só respira. Levanta, anda no escuro pra olhar nos olhos do teu medo. Sente tudo arrepiando e aceita que não tens o que vomitar. Aceita que não tem nada pra jogar. Se recusa a sentir tudo de novo. Aprende que a arritmia é quem dá essa ânsia, e que tu vai ver teu peito pular, mas teu coração não vai pular pra fora, embora tu torças ao contrário. Lida com o fato de que dói; doeu, dói e vai doer, e que, no momento, o máximo que tu podes fazer pra desvirtuar é te aquietar debaixo daquele chuveiro gelado. Vai pintar; tua parede, tua alma. Tira essa corrente em volta do teu pescoço, tua mãe bem lhe alertou que ela te enforcaria, caso tu se esquecesses de e fosse dormir. Lida. Aprende a lidar. Muda. Vê a tua mudança. Só não permanece deitada, de corpo atado, frouxa, o pulso frouxo, a felicidade afrouxada. E seja aquela praia, aquela noite, e se deixa ser. 

- E eu não sei mais se o meu medo é o escuro ou o medo dele é que eu não tenha mais medo.

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